Música na pandemia
O pernambucano brasiliense Cacai Nunes é violeiro, pesquisador e produtor musical, um artista que tem intimidade com o mundo virtual. DJ do Forró de Vitrola, festa brasiliense que toca só música nordestina, e criador do site e do programa de rádio Acervo Origens, Cacai tem acompanhado com preocupação a situação precária dos artistas no Brasil, especialmente os músicos.
Nesse período da pandemia de covid-19, muitos artistas estão migrando para o mundo virtual. Redes sociais são utilizadas como base para pesquisa criativa ou como canal de comunicação de seus trabalhos. São várias possibilidades: cards, lives, podcast ou bate papos virtuais, mas toda essa “produção” vêm muito mais de forma reativa ao momento que vivemos do que sendo realizada com planejamento e alguma produção.
“Eu já tinha uma atuação frequente em lives nas minhas redes sociais”, explica o DJ, mas a pandemia limitou seu trabalho por conta da banda larga. Com o aumento do uso da internet, a qualidade de suas apresentações virtuais ficaram abaixo do seu padrão. “E temos um outro problema; ficou banal fazer lives. Falta um pouco de zêlo pelo conteúdo”, avalia. Por conta dessa quantidade, Cacai optou por fazer lives a cada 15 dias na casa de um produtor audiovisual, que garante a qualidade que suas apresentações merecem. Mas para o músico existe outra preocupação: o público. “Com o aumento das lives, o público ainda não comprou a ideia de pagar pelo conteúdo”, argumenta. O público, segundo Cacai, pagava para ir às apresentações mas não está acostumado a pagar para consumir o trabalho dos artistas no mundo virtual. “Estamos estudando uma forma de pagamento para esse consumo”, avisa.
Com quatro álbuns lançados, o violeiro Cacai Nunes utiliza a viola para apresentar uma rica diversidade criativa, inspirada em suas pesquisas musicais nas raízes brasileiras. Seu último trabalho, lançado em maio de 2020, é o Xirê Àlágbé - Cânticos Sagrados do Candomblé, que está a venda no seu site oficial.
Outro trabalho de peso é o site Acervo Origens, uma importante fonte de conhecimento sobre a musicalidade brasileira. Desde 2010 vai ao ar todos os sábados, o programa de mesmo nome na Rádio Nacional Brasília FM 96,1mhz. E o "Forró na Vitrola"? Diante da pandemia o que mudou mesmo foi atuação da festa “Forró de Vitrola”. “Não sei quando a gente vai conseguir voltar. Forró a distância não existe. Acho que temos que nos adaptar a essa realidade por, pelo menos, mais seis meses”, explica de forma desolada Cacai Nunes.
Link do áudio de Cacai Nunes, clique aqui