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Navegar no mar do Encontro Cultura Viva – 20 anos


Entre os dias 03 e 06/07/2024 na Casa Rosa, no Rio Vermelho, Salvador, Bahia aconteceu o Encontro Nacional Cultura Viva 20 anos.


Literalmente na beira da praia, ao som, cheiro, visão e paladar - sem pausa nem repouso – o Mar nos acompanhou. A Casa Rosa foi como um grande barco para a festa dos 20 Anos da Política Nacional Cultura Viva, parecia que estávamos aportados no porto, mirando o horizonte após uma jornada de 20 anos.


Agora, o barco e porto eram nossos. Muito diferente dos cais e navios que traficaram nossos ancestrais a força. Agora, o barco era nosso!


Quem é o capitão? Para uma nova jornada, a Política Nacional Cultura Viva – PNCV deve ter um capitão? Os mais pragmáticos me respondem: “Olhe a Lei!”. Para além da Lei, que é um marco muito importante, não temos um único capitão. São diversas lideranças espraiadas Brasil afora. Todas corresponsáveis pelo trajeto do barco.


Antes do Barco Cultura Viva, existiam muito outros. O Mar é sem fim! Um destes barcos é o Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais, também Ponto, que não levou institucionalmente nenhuma liderança, mas lá estavam dezenas de associadas e associados, feito água. Mestras e mestres do FCPT contribuíram com a Memória, saberes, Reflexão e Futuro – Eixos do Encontro. Quem navega é o Mar! Não é o barco.


Foi nítido a maciça presença e atuação de dezenas de mestras e mestres das culturas tradicionais e populares, pareceu inclusive que se tratava de um encontro de mestras do Brasil.


A base cultural comunitária no Brasil tem sua fonte nos povos indígenas, de matriz africana, quilombolas, imigrantes, entre tantos, e a área de cultura popular tem 4,6% de todos os pontos e pontões de cultura certificados até 28/06/2024. É a categoria com maior quantidade de todas as 54 possibilidades.


"O Encontro 20 Anos Cultura Viva teve muita importância e retorno para Cultura, pois estávamos desnorteados neste últimos quatro anos, e podemos colocar nossas pautas para a cultura indígena e podemos ter a visibilidade e lutar pela cultura como um todo." Mestra Avani Fulni-ô


Entre tantas atividades, realizou-se uma roda de conversa com mais de 150 pessoas. Entre mestras e mestres a prosa intitulada: Tecer o fio, puxar a teia: diálogos com mestras e mestres, grupos e coletivos das culturas tradicionais e populares foi mediada por Tião Soares - diretor de promoção das culturas populares da SCDC – MinC e contou com a participação, do começo ao fim, de Márcia Rollemberg – Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC.


"Celebrar duas décadas do Programa Cultura Viva, nascido em 2004, significou: rede de afeto; memórias individuais e coletivas; diferentes territórios de possibilidades para o povo brasileiro. Traduziu fortalecer e rever caminhos socioculturais e econômicos nos diferentes territórios do país. Da mesma forma espaço de criação e atualização de estratégias entre tradição e tecnologia, comunicação como acesso aos recursos públicos para a população, e alguns nortes, apesar do significativo desafio quanto a consolidação ao direito à cultura e diminuir as desigualdades sócio-econômico-culturais nas diversas regiões geográficas do Brasil." Vera Cristina Athayde, bailarina-pesquisadora


Na conversa, outro antigo barco se fez presente, a Rede das Culturas Populares e Tradicionais ancorou, representando o Pontão da REDE tínhamos os bordados de Mestra Daraína. Também por lá estiveram Mestra Catarina, Mestra Iara, Mestre Walter Cedro, Mestre Rosildo do Rosário, Pai Paulo Ifatide, João Lemos, entre tantas.


A prosa trouxe temas como: a política nacional para culturas populares e tradicionais; 30% de recursos da PNAB para culturas tradicionais, populares, indígenas, quilombolas; reparação para mestras e mestres das culturas tradicionais e populares; discutir o ECAD; visibilidade aos mestres mais velhos; títulos honoríficos; conceito de povos tradicionais de matriz africana; Lei no. 10.639; laicidade do estado; importância do artesanato; notório saber para mestras e mestres; Lei das Mestras e do Mestres; Lei dos Tesouros Vivos.


A Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, o Consorcio Cultura Viva, a Diretoria da Política Nacional Cultura Viva – SCDC/MinC, e todos o Sistema MinC, em consonância com a sociedade civil efetivam, juntos, o encontro. Um mestre disse: “Foi muito bom, tudo bem dividido entre .gov e .osc”. Viva o Cultura Viva! "O encontro com os velhos e velhas mestres, né, companheiros da cultura. Assim, olhar, ou sentir o abraço, ou pegar na mão, aquela coisa bem acolhedora mesmo. Esse é o lado bem positivo, esse reencontro de muitos anos, porque a gente está juntos há 20 anos depois dessa catástrofe dos quatro anos, poder estar se encontrando, poder estar conversando, poder estar firmando, firmando as redes. Esse para mim, foi o ponto máximo da comemoração dos 20 anos da Cultura Viva!" Mestre Alcides Lima

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