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Os sons ainda ecoam nas cabeças de quem foi e de quem acompanhou a 4ª Conferência Nacional de Cultura

No início do mês de Março, após 10 anos e um ano de participações em diversas conferências municipais, setoriais, temáticas e estaduais, mais três mil pessoas entre delegados, convidados e observadores se encontraram em Brasília para tratar daquilo que somos feitos: Cultura!


Além dos representantes das linguagens artísticas (cinema, artes cênicas, artes visuais, literatura, design, música e moda), as Culturas Populares, Comunidades e Povos Tradicionais também estiveram (e se fizeram) presentes. Nos textos abaixo, dois depoimentos de quem esteve nesse encontro histórico: Mestra Catarina Ribeiro e Pedro Inatobi Neto.


“Eu vim Cantar no mundo para a Santa Mãe de Deus, não sou mais do que ninguem, ninguem é mais do que” Salve Mestre da Encantaria Ita Bandeira! Bença Mestras e Mestres, licença companheiras/os de caminhada na grande Roda que foi a 4ª Conferência Nacional de Cultura.

Iara Aparecida, Lucas Alves e eu, tivemos a honra de representar a Rede de Culturas Populares e Tradicionais na 4CNC em Brasília, de 4 a 8 de março. Foi muito importante o Re-Encontro como os nossos iguais. Por lá, tecemos cada pontinho de nossa rede com afeto e a sabedoria dos Mestres e Mestras, nos distribuímos em diversas funções. Em cada lugar tinha um de nós atuando.


Foi uma estratégia assertiva e assim conseguimos aprovar a proposta da RCPT em primeiro lugar no Eixo 03 – Identidade, Patrimônio e Memória.

Destaco a atuação dos companheiros Pedro Neto e Thaynã Paes, nas costuras das propostas e aglutinação com outras, essa capacidade de mediação foi muito bem sucedida. Resumo da proposta que foi aclamada na plenária final:

a.Elaboração e implementação de um Plano Nacional para as Culturas Populares e Tradicionais;

b - Aprovação da Lei dos Mestres;

c - Destinação de 30% do orçamento Nacional Aldir Blanc para o segmento, aqui destacamos os tópicos que a RCPT defendeu, a proposta teve outras contribuições e será publicada completa pelo Minc.


Mestra Iara Aparecida, Mestre Lucas Alves e Mestra Catarina Ribeiro, autora do depoimento, viajaram a convite do MinC para a #4CNC


O "só” da vendedora de Acarajé e os bonequeiros. Faço aqui apenas um registro da força das culturas populares e tradicionais durante a 4ª Conferência Nacional de Cultura que contou com a presença de 1.338 delegadas/os e 1.087 convidadas/os.


Uma regra da #4CNC: os delegadas/os votam e falam e convidadas/os “só falam".


Entre as centenas de convidadas/os tínhamos lideranças mais antigas de diversos estados, de várias expressões das culturas populares e tradicionais, indígenas, negras, quilombolas, entre tantas outras. Pessoas vividas e experientes no diálogo com o Estado brasileiro e que sobreviveram a pandemia da covid. Há 11 anos não tínhamos uma Conferencia Nacional de Cultura e no processo até o dia 4 de Março, data de início da #4CNC ouvi muitas vezes as reclamações, que convidadas/os “só falam". No meu entendimento há um gigantesco equivoco neste “só” que provavelmente ocorre pelo perfil das/os delegadas/os, onde 80% delas/es participaram pela primeira vez de uma conferência nacional de cultura.


Mestras e Mestres convidadas/os para a 4ª Conferência Nacional de Cultural foram fundamentais, deram o tom e fizeram questão de relembrar as pautas antigas, ensinando que as rodas já giram há bastante tempo.


Foram bibliotecas vivas, usaram todos seus repertórios de vida para qualificar os debates. Um exemplo, foi a liderança indígena que questionou durante a plenária do eixo o custo amazônico. Disse ela esbravejando: Se colocar o amazônico, tem que colocar todos os estados! Algumas mestras convidadas mais experientes foram lá e explicaram a ela do que se tratava e apaziguaram com sabedoria aquela pendenga.


Uma vendedora de acarajé da Bahia, presidente de uma das organizações da sociedade civil mais antigas do Brasil juntamente com dois mestres bonequeiros, um do Distrito Federal e outro da Paraíba; Mãe Rita Ventura, Walter Cedro e Joelson Topete usaram o “só falam" como princípio fundamental das nossas culturas tradicionais: a oralidade.


Do lado de fora da sala do Eixo III, falaram para todas/os as/os que entravam no local sobre as propostas para as culturas populares e tradicionais. Mãe Rita botou seu tabuleiro, Walter e Joelson vestiram seus bonecos e “só” falaram dos anseios de nossos povos. Foi a coisa mais maravilhosa que presencie durante a conferência.


Obrigado a eles e a tantas outras pessoas - mestras e mestres - que sabem o valor do “só” falar.


Pedro Neto, Delegado Setorial de Patrimônio Imaterial no estado de São Paulo eleito para 4CNC e integrante do Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais (FCPT)

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