Joãozinho da Gomeia: Jovem, Negro e Inovador

A publicação recém lançada pelo jornalista Carlos Nobre intitulada “Gomeia João: A arte de tecer o invisível” sobre uma importante liderança tradicional de matriz africana brasileira, Joãozinho da Gomeia – João Alves Torres Filho – Tata Londirá (1914-1971).

capara do livro Gomeia João de Carlos Nobre

Capa do livro de autoria de Carlos Nobre

O livro de 224 páginas é um misto de entrevistas com iniciados por Joãozinho, pesquisa de campo e acadêmica. A leitura, nada chata, não parece com uma tese acadêmica e flui como a própria história daquele que abriu caminho para a difusão das tradições de matriz africana Brasil afora.

A insistência sagaz de Fernandez Portugal Filho conseguiu, finalmente, produzir material inédito e condensador sobre a história de vida de Joãozinho da Gomeia. Entre Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo podemos saber mais sobre as inúmeras relações do biografado com importantes intelectuais, artistas, políticos e outras lideranças tradicionais de matriz africana.

É notável o protagonismo de Joãozinho da Gomeia na divulgação das tradições de matriz africana. Além de centenas de iniciados ele levou os orixás, inkises e caboclos para o “palco italiano”, foi articulador de uma das primeiras séries fotográficas sobre candomblé de Pierre Fatumbi Verger em 1946, era entrevistado em rádios e jornais, vestiu-se de vedete no Carnaval de 1956, produziu e teve publicado a capa e 26 fotografias na revista O Cruzeiro de setembro de 1967, entre tantas outras ações e polêmicas.

Hoje muitos acham que inventaram a roda nas áreas de fotografia, da dança dos orixás, no debate sobre gênero, nas artes plásticas, na construção de políticas públicas culturais no que se refere aos povos e comunidades tradicionais de matriz africana. A roda já gira há muito tempo.

No dia 24/11/2017 ás 19 h na PUC – SP o Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora da PUC – SP organizou lançamento e roda de conversa com a presença do autor Carlos Nobre, Mãe Wanda de Oxum (iniciada por Joãzinho da Gomeia) e Pedro Neto.