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Gigante é Makota Valdina!

Valdina de Oliveira Pinto, Makota Zimewanga (1943-2019) do Terreiro Nzo Onimboyá, no Engenho Velho da Federação, Salvador no estado da Bahia, está presente!



Durante encontro, entre os dias 4 a 6 de maio de 2018, estivemos conversando para o público e entre nós. “Olhe bem ... somos amigos! Gostaria que o senhor me chamasse assim. Estamos aqui ensinando e aprendendo, juntos, neste evento [IV ECOBANTU realizado no Memorial da América Latina, São Paulo, organizado pelo ILABANTU presidido pelo Tata Walmir Damasceno]. Tudo isso aqui é nosso, aprenda!”.


Pessoalmente estive com Ela, dezenas de vezes desde 2011. Em Brasília, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro. “Menino, por favor diga! Zimewanga” disse com respeito e pausa, natural do seu porte, experiente e sabida, por demais!


Imagine meu cansaço. Não em ver as centenas de homenagens pessoais que recebeu no momento de sua “Imortalidade”, mas na hipocrisia rotineira que a senhora tanto odeia. Veja só! As instituições estatais e os partidos políticos lhe fazendo homenagens. Nenhuma delas elaborando nada de sua trajetória em busca da soberania dos povos tradicionais de matriz africana.


Makota Valdina foi Nobre Amiga, Mãe e Professora. A Senhora nos ensinou a lutar e combater o racismo. Mas onde estão as lembranças e pontuações de suas concretudes? Espero que não vire moda!


Makota Valdina e demais lideranças tradicionais de matriz africana bantu durante IV ECOBANTU em São Paulo. foto: Pedro Neto


Negra(o), Ancestral, Fundadora dos Povos Tradicionais de Matriz Africana são muito mais que belas(os) oradores e/ou representantes sagrados.


Fazemos, criamos e elaboramos Políticas Públicas para todas(os). Nessa política, é decadente a manutenção dos latifúndios a partir de nossas particularidades. Para essa política não adianta ser ketu, angola, jeje ou nagô.


Neste momento busco lhe elaborar, não indicar o que a Senhora é, mas sim o que a Senhora fez para nosso Povo.


Makota Valdina, está desde o primeiro momento na construção de uma Política Nacional para os Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, no I Plano, que foi instado pela então Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais – SECOMT, da SEPPIR PR, Silvany Euclênio.


Convencida Ministra Luiza Bairros por algumas tantas outras lideranças tradicionais de matriz africana, de todo o Brasil [deixarei os nomes para detalhamento posterior] construiu-se a única, e primeira política para os até então chamados pelo estado de “macumbeiros”.


Falemos pontuando seus feitos junto de nós. Isso é elaborar ancestralidade de matriz africana.


Makota Valdina. Imagem retirada da Internet.


Um marco, a – ÚNICA – Plenária dos Povos e Comunidades Tradicionais Matriz Africana em julho de 2013, como espaço de articulação preparatório para a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (III CONAPIR), com centenas de lideranças tradicionais de todo Brasil, foi Makota Valdina a escolhida por todas(os) para dizer, finalmente, ao Estado Brasileira um pouco sobre quem somos nós e para onde queremos ir.


Makota Valdina leu, texto que fora produzido por estas lideranças. Sem anuência e/ou reconhecimento de nenhum partido político e/ou organização da sociedade civil, inclusive de movimento negro.


Foi, mais uma vez, nossa ponta de lança.


Segue abaixo a integra, publicada em parte no nosso Caderno de Debates e Cartilha: Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana. 1. Ed. PNUD/ONU/SECOMT/SENPPIR/Ministério da Justiça e Cidadania, Brasília, 2016.


“Povos Tradicionais de Matriz Africana: Buscando uma estratégia para o diálogo sobre as Políticas Públicas para o segmento da população negra, conhecido no Brasil como Afro-religiosos, remetemos ao Decreto 6.040/2007, que estabelece a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável para Povos e Comunidades Tradicionais, cujas definições e objetivos respondem as pautas colocadas pelas lideranças dos chamados Terreiros. O Artigo 3º, Inciso I, do referido Decreto, define como Povos e Comunidades Tradicionais os grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais, como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica. Utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Em todo o Território Tradicional, incluído os chamados Terreiros ou roças, são vivenciados valores civilizatórios e tradições, incluindo a relação com o sagrado, mas não somente. Esse reducionismos das práticas tradicionais de Matriz Africanas apenas a religião, nega a real dimensão histórica e cultural dos Terreiros, dos territórios negros constituídos no Brasil e ainda nos coloca diante de uma armadilha, a do Estado Laico, que na prática ainda está longe de ser real, mas ué, quando está em risco a hegemonia cultural eurocêntrica no país. A demais, concordamos plenamente que o Estado deve ser Laico, para toda e qualquer manifestação religiosa, garantindo sua liberdade de existir, mas não promovendo-a. Entretanto, é dever do Estado promover e valorizar as diversas tradições que forma o país. Assim sendo, no processo de elaboração do primeiro Plano de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, no diálogo que mantivemos com o Governo e outras lideranças de Matriz Africana, desde dezembro de 2011, algumas expressões e conceitos foram se materializando e estão presentes no documento, segue algumas: Povos Tradicionais de Matriz Africana referindo ao conjunto dos povos africanos para cá transladados e as suas diversas variações...” Eu quero repetir, e enfatizar: “E as suas diversas variações e denominações originários dos processos históricos diferenciados em cada parte do país em relação com o meio ambiente com os povos locais. Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, territórios ou casas tradicionais, constituídos pelos africanos e sua descendência no Brasil, no processo de insurgência e resistência ao escravismo e ao racismo a partir da cosmovisão e ancestralidade africana e da relação desta com as populações locais e com o meio ambiente. Representam o contínuo civilizatório africano no Brasil, constituindo territórios próprios caracterizados pela vivência comunitária, pelo acolhimento e pela prestação de serviços a comunidade. Autoridades Tradicionais de Matriz Africana são os mais velhos, investidos da autoridade que a ancestralidade lhes confere. Lideranças Tradicionais de Matriz Africana, demais lideranças constituídas da hierarquia própria das casas tradicionais. Intolerância Religiosa, expressão que não dá conta do grau de violência que incide sobre os territórios e tradições de matrizes africanas. Esta violência constitui a fase mais perversa do racismo, por ser a negação de qualquer valoração positiva às tradições africanas, daí serem demonizadas e ou reduzidas em sua dimensão real. Tolerância não é o que queremos, exigimos sim respeito, dignidade e liberdade para ser e existir. “Expressões Culturais de Matriz Africana trata-se das muitas manifestações culturais, originárias das matrizes africanas trazidas para o Brasil, Rizado, Congada, Moçambique, Capoeira, Maracatu, Afoxé, Blocos Afro, Dança Afro etc.” E eu quero completar o que eu levantei no grupo e que continuo levantando. Concordo que como estratégia a gente use essa terminologia e conceitualize Povos Tradicionais de Matriz Africana. Entretanto, eu quero ressaltar que com essa terminologia todas as formas que foram recriadas, reelaboradas, reformuladas ou criadas com os seres humanos já existentes aqui, os nativos dessa terra, os reais donos dessa terra, que foi quem a acolheu, foi quem deu guarida ao africano que veio da África. Então nós não podemos deixar de fora as expressões de crença, de fé, que foram desenvolvidas juntamente com africanos e com os indígenas.”

Obrigado Makota Zimewanga, liderança de nosso Povo, a Senhora está conosco!

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