O Cinema Nacional, apesar do Estado.
O Brasil possui alguns órgãos que “cuidam” da área audiovisual. A ANCINE – Agência Nacional do Cinema, criada em 2001, e a Secretaria do Audiovisual (SAv), criada em novembro de 1992, que deveriam fomentar e defender a produção audiovisual brasileira mas anda mais entretida com debates sobre a censura ideológica do que com a ampliação do mercado consumidor audiovisual nas diversas plataformas que o mundo digital está oferecendo.
Apesar da pequenez do bate boca estatal, artistas não estão a espera para continuarem trabalhando, mesmo que sob situação precária. O diretor de sucessos como as animações Rio, a saga Era do Gelo e O Touro Ferdinando, Carlos Saldanha é o autor de 'Cidade Invisível', primeira série do autor na plataforma Netflix, que pretende mostrar o folclore brasileiro ao mundo.
Outra forma de iniciar a criação de obras audiovisuais tem sido a realização de financiamentos coletivos, também conhecido como crowdfunding. É o caso do documentário O Olhar de Edite, que conta a história de Dona Edite, uma mestra da cultura popular e da literatura periférica de SP.
Segundo o cineasta Daniel Fagundes, o documentário sobre dona Edite “é um registro de um Brasil que historicamente é excluído da memória coletiva”. Daniel Fagundes e Fernanda Vargas realizam trabalhos em conjunto desde 2014. A partir de 2015 passaram a focar em um projeto pessoal onde reúnem suas expertises tanto na pesquisa acadêmica, como na produção audiovisual com foco na cultura popular e na memória coletiva e individual do país. Desse caldo nasceu a "Caramuja: Pesquisa, Memória e Audiovisual" que tem uma série de trabalhos desenvolvidos que vão de resultados de processos formativos em audiovisual até projetos autorais e em parceria com grupos tradicionais e coletivos periféricos.
Sem apoio institucional de nenhuma esfera governamental, seja municipal, estadual ou federal, Daniel percebendo a urgência do projeto, buscaram o recurso por meio da ferramenta de financiamento coletivo, “pois entendemos também que nesse momento de cortes sistemáticos no campo da cultura precisamos contar com o apoio da sociedade civil para que a arte não deixe de cumprir seu papel social e de memória.”
Daniel Fagundes conhece e convive com dona Edite desde os anos 80 quando ela fincou raízes com suas irmãs no Parque Figueira Grande, na zona sul de São Paulo, onde ele nasceu e cresceu, e onde aconteciam encontros de amigos no quintal de sua casa regados de muita música e poesia. “Eu era bem pequeno mas me lembro da alegria que tinha quando diziam "hoje vamos na casa das tias!". Presente na sua memória, Dona Edite voltou ao seu convívio em 2006. “O tempo passou meus pais mudaram do bairro e eu já maior de idade permaneci morando com minha avó. Reencontrei tia Edite (como carinhosamente a chamo) por volta de 2006 na Cooperifa, onde ela acompanhada da irmã Isabel foram ao meu encontro e me abordaram sobre meus pais. Eu de bate pronto relembrei de tudo e ela me disse que ainda guardava em sua casa uma chupeta e um copinho que, segundo ela, eu tinha esquecido lá desde a época dos fatídicos encontros com a família em sua casa.”
O documentário sobre dona Edite é um registro de um Brasil que historicamente é excluído da memória coletiva. Um registro de uma mulher negra guerreira que vem desde os anos de chumbo se posicionando ao lado dos oprimidos, dos trabalhadores e das mulheres, tendo como arma principal sua voz, sua poesia e sua visão de mundo. Para Daniel, “esse filme é para todos que lutam contra o racismo, o machismo e a opressão de classe nesse país!”
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