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INSCRAVIDÃO, por Cuti

No dia 19 de novembro, um dia antes do Dia Nacional da Consciência Negra, os brasileiros receberam a notícia da morte por espancamento de João Alberto Silveira Freitas nas dependências de uma loja Carrefour, na cidade de Porto Alegre, RS. O espancamento praticado por Giovani Gaspar da Silva e Magno Braz Borges, escancara que o Racismo no Brasil, Mata!

O assassinato deve causar nossa reação. O Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais sabe que o Racismo persegue e mata os Povos de Terreiros e os Povos Indígenas. Essa indignação está na reflexão do poeta Cuti que o cedeu gentilmente para publicação no site FCPT. Cuti nasceu em Ourinhos, SP, e vive na cidade de São Paulo. Doutor em Literatura Brasileira pelo IEL – Unicamp, é um dos fundadores do Quilombhoje-Literatura, e um dos criadores e mantenedores da série Cadernos Negros. As letras de Cuti refletem o nosso sentimento nesse final de semana da Consciência Negra no Brasil do ano de 2020!

INSCRAVIDÃO

A morte de João Alberto Silveira Freitas escancara não apenas o ódio e a intolerância, escancara a falência do Brasil enquanto nação. Isso porque os métodos da escravidão continuam. Dentre eles a conhecida VIOLÊNCIA PREVENTIVA. Durante todo o período colonial, a tortura no pelourinho era espetáculo a ser assistido como lazer para os brancos. A praça pública era transformada em espaço institucional para intimidar a população negra, exaltar o SUPREMACISMO BRANCO e calcar na consciência nacional a sua irracionalidade e delírio, promovendo a pedagogia da crueldade contra os africanos escravizados e sua descendência. Neste 20 de novembro de 2020 o impacto do assassinato de João Alberto Silveira Freitas reativou a prática antiga e cotidiana: violência dos brancos contra os negros em forma de espetáculo. Tenta-se intimidar a população negra para que não dispute espaços sociais e para instigar os brancos ao exercício da crueldade na defesa de seus privilégios racistas, pois estes privilégios contemplaram e contemplam a descendência dos escravagistas e a dos imigrantes que para o Brasil vieram e receberam todo o apoio do estado brasileiro. É a noção falaciosa de HIERARQUIA DAS RAÇAS que é a causa, não dita, de termos uma POLÍCIA “MILITAR”, afinal militar visa eliminar o “inimigo” (o cidadão, principalmente negro); FIANÇA, uma forma de impunidade para quem tem dinheiro; IMUNIDADE PARLAMENTAR, que permite políticos (brancos) cometerem crimes e ficarem impunes; JUSTIÇA MILITAR, que garante a proteção de criminosos de farda; VESTIBULAR, que pela forma como é feito significa um gargalo racial que dificulta o acesso à educação por parte da população negra (e ainda há os que continuam querendo cota em tudo 100% para brancos); PODER IMPERIAL a um só indivíduo eleito para presidir a república, que até o incentivo ao racismo lhe permite; RACISMO CORPORATIVO atuando para impedir o acesso ao emprego; o JUDICIÁRIO RACIALIZADO determinando o aprisionamento em massa; e as DROGAS (lícitas e ilícitas), para que a população negra exerça a sua própria destruição, seja consumindo-a, seja fazendo das ilícitas seu ganha pão. Neste episódio, o discurso da hipocrisia foi pronunciado por agentes governamentais, para que todos os cidadãos ouvissem: não há racismo no Brasil. E mais uma vez, a ficha criminal da vítima foi ao ar. A dos assassinos, não. Todo essa inscravidão no imaginário social. Neste 20 DE NOVEMBRO – DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA, a população em geral, num primeiro momento, assistiu a um espetáculo, semelhante ao que se fazia antigamente. Para uns (os negros), uma aula de intimidação; para outros (os brancos) uma lição de crueldade. Mas os PROTESTOS responderam, ainda que passivos, em sua maioria, contra uma violência brutal, e responderam para dizer que a CONSCIÊNCIA NEGRA veio para ficar. O país está falido eticamente desde a sua fundação, baseada na necropolítica contra indígenas e negros. A causa: o racismo que agride diretamente mais da metade da população, e, indiretamente, todos os demais. Cumpre transformá-lo, expurgando os malignos racistas que contaminam tudo e todos.



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