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A reparação histórica para Uruçumirim



Última Batalha. In: Hans Staden; Suas Viagens e Captiveiro entre os Selvagens do Brasil.

série Novos Debates*


Em Janeiro de 1567, uma batalha foi travada no paraíso: a Batalha de Uruçumirim ocorreu nas areias da Baía de Guanabara. Franceses e o Povo Tamoio entrincheirados no agora bairro da Glória resistiram aos ataques dos portugueses e do Povo Temiminós. Essa luta chegou ao final com a vitória dos portugueses no dia 20 de Janeiro, dia de São Sebastião, e a cidade do Rio de Janeiro ganhou então seu padroeiro cristão.

Mais de 500 anos depois, uma pequena batalha é iniciada pelo re-conhecimento da nossa memória: a Praça Luís de Camões, o poeta maior da língua portuguesa, localizada entre a Rua do Russel e a Av. Beira Mar, no Centro do Rio, tem um pedido de troca do seu nome para Praça Uruçumirim. O Coletivo Karioka Tupinambá, um grupo da sociedade civil formado por pesquisadores e indígenas, enviou uma carta ao atual prefeito e secretários de Cultura e de Governo do Rio de Janeiro, solicitando o reconhecimento desse lugar da “memória da matriz indígena” e a necessidade da reparação histórica.


Reparação Histórica

O conceito da Reparação Histórica passa pelos problemas causados por injustiças, ou violências, praticadas sobre determinados corpos na formação de uma sociedade. No Brasil, o extermínio sistemático dos povos indígenas, passando pela escravidão africana, são fatos que aconteceram e que precisam de reparação. O sistema de cotas para aprovação nas Universidades Públicas segue a lógica da Reparação Histórica. São vários os caminhos possíveis para que haja Reparação Histórica, uma delas é recontar a História a partir das Vozes e das Memórias dessas minorias, ou o revisionismo dos nomes de logradouros e praças das cidades tentando assim, diminuir a invisibilidade a que determinados corpos foram (são) submetidos.

Ao final de Janeiro de 2022, em pleno século 21, ainda engatinhamos nessas batalhas pelo direito à pluralidade da nossa História, teoricamente uma garantia do Estado Democrático, e a cidade do Rio de Janeiro segue sem reconhecer seu Território Uruçumirim, a pequena abelha. Mas como tudo nas Culturas Populares do Brasil são resistências, seguiremos informando que as nossas Histórias, Memórias e Artes são muitas!



*Novos Debates faz parte de uma série de matérias sobre os debates que estão surgindo no século 21 como Reparação Histórica, Racismo Ambiental, Sustentabilidade das Culturas Populares, Turismo de Base Comunitária e Arte Brasileira e ferramentas digitais. A jornalista Thereza Dantas, diretora do FCPT, compartilhará essas experiências no site do FCPT, informando sobre ações que já estão sendo realizadas no nosso país.






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