Sobre a nossa diversidade religiosa
No mês de Janeiro, precisamente no dia 21, se comemora o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no censo demográfico realizado em 2010, a composição religiosa no nosso país é essa: 64,6% dos brasileiros (cerca de 123 milhões) declaram-se católicos; 22,2% (cerca de 42,3 milhões) declaram-se protestantes (evangélicos tradicionais, pentecostais e neopentecostais); 8,0% (cerca de 15,3 milhões) declaram-se irreligiosos: ateus, agnósticos, ou deístas; 2,0% (cerca de 3,8 milhões) declaram-se espíritas; 0,7% (1,4 milhão) declaram-se as testemunhas de Jeová; 0,3% (588 mil) declaram-se seguidores do animismo afro-brasileiro como o Candomblé, o Tambor-de-mina, além da Umbanda; 1,6% (3,1 milhões) declaram-se seguidores de outras religiões, tais como: os budistas (243 mil), os judeus (107 mil), os messiânicos (103 mil), os esotéricos (74 mil), os espiritualistas (62 mil), os islâmicos (35 mil) e os hoasqueiros (35 mil). Há ainda registros de pessoas que declaram-se baha'ís e wiccanos, ainda de pequena expressão na nossa sociedade. Temos mais possibilidades de praticar alguma Fé do que na França, por exemplo.
O que deveria ser motivo de orgulho e respeito no Brasil, é muitas vezes alvo de violência e censura. No dia 18 de janeiro, mais uma vez, o Centro Cultural Fazenda Roseira, em Campinas, SP, foi alvo desse racismo religioso. Na lista das perdas desse ataque constam quatro holofotes, toda a fiação externa de iluminação, sete câmeras, dois alarmes, uma pia, um fogão, materiais infantis, sete trincos de janelas, três fechaduras de porta, três portas, uma televisão, um cano de água que regava a horta, um gira-gira, além da destruição da cerca que protegia o espaço. Isso tudo tem preço, podemos comprar novos objetos por meio de uma vaquinha virtual que os responsáveis pelo Centro Cultural Fazenda Roseira criou. O que não se paga é essa mancha de intolerância e violência que sofre toda a população de Campinas quando acaba sendo confundida como uma cidade racista.
O Centro Cultural Fazenda Roseira é um equipamento público de gestão compartilhada entre a Prefeitura Municipal de Campinas e a Comunidade de Jongo Dito Ribeiro, ponto de cultura com reconhecimento internacional e que contribui tanto com a cidade como na região metropolitana de Campinas. No espaço, acontecem diversas atividades com escolas, grupos culturais, aulas de pós-graduação. Possui acervo bibliográfico e salvaguarda o Jongo, manifestação cultural de matriz africana. São mais de 20 anos protegendo o sagrado, a dança, a música e estudos sobre essa manifestação cultural afro-brasileira. Os responsáveis pelo Centro Cultural sabem da importância desse material e solicitam há mais de quatro anos, segurança patrimonial, corte de mato e proteção para continuar desenvolvendo as atividades. São integrantes do Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais que se sentem vulneráveis, e nós do FCPT, entendemos que essa vulnerabilidade atinge a nossa Cultura brasileira. Por isso, abrimos o espaço virtual para ouvir as falas da Bianca Lúcia e da Dra. Alessandra Ribeiro, responsáveis pelo Centro Cultural Fazenda Roseira sobre a necessidade do Brasil demonstrar que no século 21 não há mais espaço para intolerância e racismo.
Vídeo enviado por Alessandra Ribeiro
Vídeo enviado por Bianca Lúcia
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